Thursday, March 20, 2008

Pelo Outro Lado

Jovens "anti-Star Wars" visitam exposição sobre a série

Matérias de divulgação de eventos nem sempre são as preferidas dos jornalistas. A fórmula clássica, que reúne visita do repórter, entrevista com organizador e citação de apreciadores pode ser segura, mas não garante mais a atenção dos leitores (a não ser que se interessem pelo tema do evento).

Em Star Wars do Contra, Juliana Calderari - colaboradora da Folha de S. Paulo - fez diferente: em vez de convidar fãs fervorosos dos jedis para falar sobre a mostra "Star Wars Exposição Brasil", que acontece em São Paulo até dia 29 de junho, a repórter levou três jovens que detestam a série, ou sequer assistiram a algum dos filmes.

O desprezo por Guerra nas Estrelas não afetou a opinião dos entrevistados sobre a exposição; os convidados elogiaram e admitiram a qualidade dos itens que compunham a mostra. Mas ainda que ela fosse a pauta, o foco foi o fato de, sim, haver pessoas que não gostam de Star Wars. Em meio às explicações dos jovens sobre os porquês de seu desgosto, detalhes sobre a exposição surgem discretamente - por exemplo, por não conhecerem a saga, faziam perguntas sobre os personagens e objetos que viam expostos no Porão das Artes, onde ocorre o evento. As informações básicas sobre a exposição foram colocadas em um box.

Assim, em vez da mera divulgação em estilo informativo, a matéria se tornou interessante por trazer à tona tanto a exposição quanto a surpresa - para alguns - de certas pessoas não admirarem a criação de George Lucas. Além disso, serviu como defesa para os oprimidos "odiadores" de Star Wars.



[produto cultural analisado]

Star Wars do contra

A saga bilionária de George Lucas está longe de ser unanimidade no gosto adolescente; conheça três que detestam a série

JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Acredite se quiser. Andressa Constante, 17, e Felipe Américo Pita, 14, nunca assistiram a um episódio de "Guerra nas Estrelas". Tampouco sabem quem é Luke Skywalker ou o que é um Jedi. Mais do contra ainda é Emerson Miller, 22, que já tentou acompanhar um dos episódios, mas nunca conseguiu completar a missão. "Cheguei a dormir algumas vezes durante o filme."

Para tentar resgatá-los "do lado negro da força", o Folhateen levou os três jovens à exposição de "Guerra nas Estrelas", que acontece no Porão das Artes, no parque Ibirapuera.

Já no início, Emerson perguntou: "A espada tem pilha?", riu, referindo-se ao sabre de luz usado pelos Jedis. Assim como Emerson, Andressa e Felipe reclamam do excesso de criatividade de George Lucas, criador da saga. "É muita ficção", diz Andressa. "Não dá para engolir", protesta Emerson.

Se, há alguns anos, era difícil imaginar que algum adolescente não se interessaria pelo blockbuster, atualmente as duas comunidades do Orkut sobre o tema somam 424 participantes que nunca viram nem querem ver as maldades de Darth Vader.

A mistura maluca de alienígenas, robôs e humanos também desagrada aos jovens. "Ele é mau?", perguntou Andressa ao ver o peludo Chewbacca. "Parece bobo, mas respeito quem gosta", diz ela.

Emerson vai mais além quando vê um dos adoráveis Ewoks : "Dá vontade de socar", desabafa. Ele, que é fã de cinema e possui mais de duzentos DVDs em casa, gosta mesmo de Harry Potter e de "O Senhor dos Anéis". Andressa, estudante de cursinho, também elege a trilogia de J.R.R. Tolkien como uma das melhores. Mas também não é ficção?

"Pelo menos é com gente", explica Andressa. "Não tem esse negócio de robótica, cibernética", justifica Emerson. Já Felipe gosta é de filme de terror. "O Albergue" e "Jogos Mortais" são os preferidos.
Estudante do ensino médio, Felipe, não entende por que tanta gente gosta do filme. No Brasil, um dos fãs-clubes de "Guerra", o "Conselho Jedi", abriga 15 mil pessoas, de todas as faixas etárias. Pela exposição, na primeira semana, já passaram dez mil. Não é difícil ver algumas delas, inclusive adultos, vestidas como os personagens. "Tem adulto que paga mico", opina Emerson.

A forma como foi filmada a saga também complica a vida dos novos expectadores. "É o retorno não sei de quem, a volta de não sei das quantas", reclamou Emerson.
Mesmo não gostando, os três ficaram surpresos com a qualidade e com os detalhes dos objetos usados nos filmes. "É superbem-feito", concordaram. E Felipe, assim como os outros dois, agora tem certeza: "Não gosto mesmo de "Star Wars". Nem me chame para assistir".


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A EXPOSIÇÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para os fãs de Star Wars, a visita que dura cerca de uma hora e meia é imperdível. Afinal, saber onde George Lucas se inspirou para criar Chewbacca, por exemplo, não tem preço.
A exposição também não decepciona quem ainda não conhece a saga. As naves, figurinos e maquetes expostas são as originais, usadas nas filmagens.
Como há grandes grupos escolares em alguns horários, o melhor é ligar antes, escolher um momento mais calmo e pedir a um dos monitores para guiar a visita. Nos finais de semana, os fãs caracterizados também são atração.
A "Star Wars Exposição Brasil" fica no Porão das Artes, no parque Ibirapuera, em São Paulo, até o dia 29 de junho. Funciona das 9h às 22h. R$ 30.

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