Thursday, May 8, 2008

Liberdade para noticiar

Credibilidade do jornalismo open source ainda é questionável

O leitor escreve sua própria matéria, leva até o jornal - que nem sempre tem um editor para revisá-la - e em seguida tem seu texto publicado. Um segundo leitor discorda do texto e publica, da mesma forma que o primeiro, sua própria versão sobre o assunto.

Impossível? Na Internet, já há inúmeros sites que possibilitam essa lógica: basta enviar sua matéria para que ela esteja disponível inclusive para correção por parte de outras pessoas.

O processo batizado de Jornalismo Open Source caracteriza sites de diversas naturezas. No site coreano OhMyNews, por exemplo, pessoas de vários lugares enviam notícias sobre sua região, que são publicados assim que um editor os revisa. O americano Digg não tem editor, quem julga as matérias são os próprios usuários, votando nelas e assim formando um ranking.


Boca no trombone

Propondo rebater as notícias publicadas - ou não publicadas - nos veículos tradicionais, os Centros de Mídia Independente (CMIs) estão presentes em vários países para dar oportunidade aos leitores de dar a sua versão do fato.

O CMI Brasil se apresenta como uma "rede de produtores e produtoras independentes de mídia que busca oferecer ao público informação alternativa e crítica de qualidade." Considerando que a mídia empresarial muitas vezes "distorce os fatos", o site pretende oportunizar que pessoas comuns se manifestem, noticiando da sua forma os acontecimentos ou mesmo divulgando aquilo que os outros veículos ignoraram.

Reflexos

Em meio a essa onda de liberdade no jornalismo, os veículos acabaram se adaptando. A versão online de jornais comerciais oferece cada vez mais interatividade em seus sites, muitas vezes até publicando matérias de leitores.

É jornalismo?

A questão da credibilidade faz com que se pense na caracterização do open source. Em um país que se tem uma lei segundo a qual é necessário um diploma para exercer o jornalismo, pode-se chamar assim as publicações de pessoas das mais diversas áreas?

O site Notícias Linux, apesar de usar este modelo de publicação de notícias, diz que o open source não pode ser considerado jornalismo. Já para Luiza Penna, por ser "um noticiário feito pelas pessoas, para as pessoas, é possível alcançar credibilidade, identidade, reputação", da mesma forma que um veículo jornalístico tradicional.

Perigo

É de se desconfiar que, onde todos publicam o que querem, seja questionável a veracidade. Mas a experiência vem mostrando o oposto: jornais open source e blogs jornalísticos também têm credibilidade, e "escorregam" menos que os veículos comerciais.

A velocidade exigida dos meios online já oportunizou gafes de jornalistas, que na disputa pelo furo não checaram as informações. Nesse sentido, a Internet também está servindo para denunciar o descuido dos veículos de comunicação, o que acaba por fortalecer o open source.

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